Por Cuca Pesca - Rudimar de Maman
Pescar em um local isolado com difícil acesso tem suas vantagens: peixes grandes e uma experiência única.
Pesca vai além de pegar o peixe! É ser esportivo, buscando as melhores experiência e convivência entre amigos e natureza.
Robinson Crusoe, é a ilha principal e pertencente ao Arquipélago de Juan Fernandez, Chile. Está localizada a aproximadamente 700km de distância do continente. O acesso é restrito pela sua distância e condições climáticas.
Para conhecer esse destino e viagem de pesca, clique aqui
Para chegar lá, a viagem iniciou com um diária em Santiago do Chile, onde desfrutamos de ótima hotelaria, restaurantes e vida noturna. No dia seguinte, a organização Cuca Pesca fretou um King Air 200 com capacidade para até 07 passageiros, que voou por volta de 2 horas até o aeroporto da ilha, de frente a maravilhosa Bahia El Padre. Mais 1 hora de navegação em lancha para enfim chegar no píer do Pueblo San Juan Bautista na Bahia Cumberland.
Chegar na ilha é algo incrível! Você imagina o quão isolado o local é, e também que poucas pessoas no mundo terão a oportunidade de conhecer a região! Aproveitar cada momento com a natureza única e endemica, é algo fundamental para elevar a aventura a nível alto de aprendizado e vivência.
A pesca é para fãs do grande Olhete (Seriola lalandi). Por
mais que o arquipélago abrigue outros predadores como linguados, um tipo de garoupa conhecida como bacalao de Juan Fernandes (Polyprion oxygeneios) e peixes de bico, o Vidriola (Olhete em espanhol) é o grande foco por atingir exemplares com mais de 50kg e quase sempre encardumados.
Estes Olhetes são capturados exclusivamente na isca artificial - Popping ’n Jigging - com equipamentos relativamente leves para a categoria.
Para a superfície usamos 2 conjuntos: um para Stick ou Slider e outro para Poppers!
O ideal são molinetes Shimano Stella 18000 ou Twinpower 14000 para arremesso. Abastecidos com 250 metros de linha PE 6# ou 80-90lb e Shock leader de 100-120lb. Equipados em varas com potência proporcional a linha, mínimo 8 pés e que possam arremessar iscas de 80 à 130 gramas.
Sticks e poppers de marcas variadas, sem grandes exigências dos pescados. O importante era encontrar os cardumes, estar no local certo, trabalhar as iscas de superfície de forma contínua e constante.
Não foi necessário trabalhar os poppers com muito splash ou borbulha - como usamos para caranhas, GTs… -, porém a ação de Popper constante era necessária para levantar os cardumes e fazer com que todos tivessem a oportunidade de fisgar um olhetão. Poppers como Tackle House Feed Popper 130mm, Borboleta Hannibal 80g, Yo-zuri Sashimi Bull 70g, Borboleta Ballyhoo GT 130g equipados com garatéias ou anzóis Shout ou Owner, foram o suficiente para a semana de pesca.
Mesmo a dizer com relação aos sticks e sliders (e sinking): Black Ledge Peanut 90g, Carpenter Zorro...
No Jigging também usamos dois conjuntos: speed jigging e slow ou light jigging!
Molines Shimano 10000PG são o suficiente para o speed jigging. Cheios de 300 metros de multifilamento PE6# ou até mesmo número 8#. Vale lembrar que em algumas semanas, exemplares
grandes estão encardumados próximos as ilhas de RC ou Santa Clara. Locais com profundidade média de 30 metros e cabeços rasos de 10 metros. Como estas regiões possuem diversos parcéis e picos rochosos, a chance de perder um exemplar na pedra é grande e exigirá ao máximo do material. Mas no geral uma boa PE 6# de 80 à 90lb trabalhará bem com um longo - 5 metros - fluorocarbon de 120 libras.
No slow e light, carretilhas e varas PE 3# ou 4# deram conta do recado! Peixes de 7 à 12 kg não resistiam o trabalho de caída lenta ou a aceleração de jigs pequenos de 80 à 150g.
Eu, Cuca, tive a oportunidade de pescar com diferentes amigos em duas semanas. Todos foram incríveis! Alguns já conheciam a região e foram com as mais diversas expectativas: muito peixe grande, pescaria fácil… Mas não foi bem assim. A
água ainda não estava fria o suficiente e também deve ocorrer alguma variação natural nas correntes marítimas que levam nutrientes e peixes para a costa chilena. Resumindo, a pesca não estava excepcionalmente fácil e tivemos que trabalhar muito.
Porém estamos em um lugar selvagem, isolado e tudo pode acontecer! Não Deu outra: PEGAMOS GIGANTES com muita insistência.
O Ernesto Uyemura é um “Samurai” da pesca esportiva. Técnica perfeita e muita disciplina. A todo instante consultava os guias para entender o comportamento do
peixe naquele ponto específico e etc… "Era o primeiro a arremessar e último a jiggar.”
Uyemura San garantiu bons resultados na carretilha elétrica e no molinete manual com jigs, em sua maioria, nacionais da marca NS e mais especificamente no modelo SLIM 210g de cor verde-limão ou laranja.
Já o Gabriel Managabeira não parava de arremessar! Seus castings longos nas encosta da ilha de Santa Clara eram precisos. Os sticks e sliders japoneses eram de marcas e cores variadas, porém notei que a paciência e toque continuo fizeram a diferença. O trabalho cadenciado, fazendo o plug trabalhar de forma aleatória - igual a um peixe ferido - com breves toques de ponta de vara, foram primordiais para o Gabriel garantir boas peleas (brigas) e belos exemplares de Seriola Lalandi
Agora olhem este monstro que peguei no pincho. Estava demonstrando para alguns amigos como era o trabalho ideal de stick: excesso de linha na água e fortes strikes de ponta de vara especifica para stick (ação mais lenta na ponta da vara) seguidos de rápidas maniveladas para mergulhar e trabalhar a isca na subsuperfície. Pelo menos uns 4 ou 5 Olhetes seguiram meu stick e este (img abaixo) monstro grudou em minha isca!
Briga boa nos 10 metros de profundidade. Dei o mínimo possível de linha para o Olhetão e o capitão Giovani for impecável na manobra do barco, nos arrastando para fora das pedras e me deixando com o peixe nos 30-40 metros de profundidade.
Agora olhem o que o Rodrigo Lima aprontou: dois Bluefin Tuna no Stick!
Abaixo a foto do gigante. E foi capturado no mesmo ponto em que tirei o Olhete grande na superfície. Rodrigo sofreu na Pelea! Segue o vídeo da briga:
Orlando Lopes e Daniel Andrade, os elegantes mestres carecas foram insistentes e também garantiram seus exemplares no jigging e no Popper! Feras da pesca!
O peixe do Orlando saiu no mesmo ponto do Atum gigante do Rodrigo Lima.
Gustavo Santiago Filho foi implacável em sua categoria preferida: Slow jigging!
Ele também foi o primeiro a perceber que os peixes estavam atacando jigs escuros nas variações de cores preto com verde, preto com laranja, marrom com dourado…
Gustavão fez a festa e levou vários trancos e estouros de linha. Como a bagagem é restrita por causa do voo fretado, acredito que na próxima viagem de pesca ele levará um equipamento mais reforçado para slow. Afinal, sempre que ele ia “brincar” com o equipamento leve para pegar quantidade, os gigantes comiam suas iscas! Haha Foi incrível ver as ações do mestre do slow!
A gastronomia era algo memorável durante essa jornada de pesca. Tanto na água ou na pousada do Capt Marco Araya, os pratos variando a Lagosta de Juan Fernandes eram incríveis. A Lagosta é endêmica e controlada pelos pescadores locais. São referência na pesca sustentável e na forma de exportar as famosas e deliciosas Jasus frontalis.
A experiência foi incrível e fechamos esse post com um Slideshow desta vivência de pesca e fotográfica.
Grato
Rudimar de Maman - Cuca Pesca